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Quarta-feira, 30 / 05 / 07

E a democracia?

A determinada altura alguém deixou neste blog ou alguém me passou um blog onde era afirmado em jeito de inscrição numa tabuleta algo do género "Finalmente chegou a democracia a Nelas". Como a minha concepção de democracia não passa unicamente por mudanças partidárias desconfiei. Não é mudar a cor do partido no poder, mantendo muitas vezes caras que se cruzam ao sabor de interesses particulares, não é de todo uma manifestação democrática na sua essência. Ainda que a alteração de lideranças partidárias faça parte do ciclo democrático. O que não faz parte do ciclo democrático é o exercício da arrogância, o querer fazer passar a mensagem que um grupo ou partido é melhor que o outro. Isso não é política. Quem se empenha no exercício político deve saber honrar o lugar que ocupa. Infelizmente a política não possui no nosso país a dignidade que merece, sem que com isso o comum cidadão se insurja, pelo contrário, ou opta pela popular reinação tipo "Maria vai com as outras" ou então cinge-se a um silêncio que é logo aproveitado pelos poderes eleitos, repito, eleitos.
Como devem imaginar, tudo isto se deveria aplicar a Lisboa e a Nelas, pois ao que parece padecem de maleitas idênticas. Embora sem conhecer os contornos do que se passa em Nelas, apenas sei o que foi divulgado na imprensa, tudo indica que o sorriso de que tanto se falou na campanha eleitoral deve ser agora um careto, a julgar pela expressão de maledicência gerada. Resta saber onde vai parar tudo isto. Estranho é que os líderes que apoiaram a coligação em Nelas também o tenham feito em Lisboa, as receitas é que agora parecem ser distintas. Não quero com isto dizer que concordo com a presunção da culpa, bem pelo contrário, apenas quero aludir a uma eventual diferença de critérios. Mas ainda é cedo para se obter respostas.
publicado por José às 20:38
Domingo, 20 / 05 / 07

Imagens do nosso património

Esta é uma imagem da nossa terra e da nossa região, um pedaço do nosso património a que, porventura, fechamos os olhos, contudo é um documento da nossa história, das tradições e da relação genuína das nossas gentes às serras. Tenho reparado em exemplos semelhantes na passagem por estações como Santarém ou Vila Franca de Xira. Este exemplo foi colhido esta manhã na estação de Nelas, infelizmente sem o indispensável tripé, todavia creio exemplificar todo esse património da azulejaria portuguesa existente um pouco por todo lado.
Repare-se que se trata de um painel que retrata não apenas uma mulher, mas sim uma Serrana da Serra da Estrela, em pose, com o seu traje costumeiro e com os objectos do quotidiano. Mas se, por um lado, exibe os modos e os predicados de uma mulher serrana, também nos mostra uma obra da azulejaria portuguesa, no caso do Outeiro de Águeda. Sem esquecer a assinatura do painel por F. Pereira, 1947. Sem esquecer que se tratam como que de cartazes turísticos de luxo promovidos pela Junta de Turismo Nacional.


(Clicar na imagem para ver melhor)

Pena é que o património representado não tenha direito a ser elevado à sua qualidade de documento histórico. Falo nomeadamente do seu potencial como produto televisivo. Sem querer entrar em discussões sobre o que é ou não serviço público, até porque as televisões privadas têm também de assumir responsabilidades nesta matéria, não percebo porque motivo o nosso património contínua esquecido. Curiosamente ou não, o nosso dinheiro serve para comprar programas sem qualquer interesse.
A mesma questão se coloca relativamente aos nossos museus. Parece impossível o que se passa, com tanto museu e com tanta actividade exercida genericamente por todos eles e as nossas televisões apenas têm as câmaras apontadas para o deboche, para a vida alheia, realmente falta sentido de serviço público, mais ainda, faltam critérios no agendamento do que é ou não notícia. Mas isso é outra reflexão, pois quis apenas partilhar aqui algo de muito nosso.
publicado por José às 17:33
Quarta-feira, 16 / 05 / 07

Rios sem gente

Porque a vida continua e importa dar lugar a coisas boas que ainda temos venho deixar umas breves palavras, curiosamente também elas em lista de espera. Venho agora falar um pouco dos nossos rios, ou pelo menos tenho essa intenção, pois numa região situada literalmente entre rios é pouca a informação existente. Eventualmente existe alguma informação dos planos de bacia hidrográfica, todavia não foi confirmar, pois não é esse aspecto que objectivamente me interessa. O que me interessa é a nossa relação com os rios e ribeiros que nos circundam, uma relação que deveria ser de conhecimento mutuo mas é, infelizmente acredito que assim seja, uma relação em que ninguém conhece ninguém.
Ainda lembro um pouco o papel dos guarda-rios e o respeito e conhecimento que os nossos antepassados tinham pelos rios e ribeiros. Agora, embora teimem em dizer que é progresso, vivemos à margem, mas sem conhecer sequer as margens (passo o trocadilho). Curiosamente informação e projectos interessantes não parecem faltar, aliás é por ter conhecimento de um desses projectos. Na semana após a apresentação pública do Ecoline assisti na instituição onde trabalho a uma apresentação do projecto rios e fiquei impressionado. Sendo um projecto dirigido às escolas creio que tem tudo para motivar os alunos por saber mais sobre as linhas de água que atravessam a sua região, ficando a saber um pouco mais sobre a fauna e a flora, bem como o próprio rio no trecho escolhido.

Creio que é uma ideia a seguir, tanto por iniciativa dos professores, como de outras entidades . Por exemplo, com tanto pescador desportivo seria giro a organizarem uma pescaria apenas para darem a conhecer, por exemplo o Mondego, às nossas crianças. Acredito que muitos destes pescadores têm muito para ensinar, do que conhecem em termos de parâmetros físicos, mas também no respeito que têm pelo rio. Fica a sugestão, sendo que se trata de uma iniciativa praticamente sem custos, apenas vontade das partes.

Nota: poderia deixar apenas um link sobre o projecto rios, todavia se fizerem uma pesquisa encontram vários exemplos.
publicado por José às 21:16
Quarta-feira, 16 / 05 / 07

Obrigado II

Tenho estas palavras guardadas desde a passada semana, os afazeres são muitos e a urgência na sua divulgação é relativa, pois o mais importante é partilhar este instante. Falo praticamente de mim próprio e do que tem sido este último mês e meio de incerteza e agonia. Falo certamente do problema de saúde que afectou a minha mãe, embora remeta para a esfera do privado uma parte. Apenas venho a público, por um lado, para evitar especulações; e, por outro lado, por respeito e agradecimento a todas as pessoas que estiverem e continuam a estar presentes em todos os momentos que importa ultrapassar.

Refiro-me a esta espécie de lotaria invertida, pois é preciso ter muito azar para se acertar numa doença que afecta, segundo dizem algumas estatísticas internacionais, cerca de 1,34 pessoas em 1 milhão (o que por cá dará cerca de 13 pessoas em toda a população portuguesa). Esse prémio invertido dá pelo nome de mielite transversa, cuja origem poderá ser um vírus ou uma bactéria, mas as causas não sei se estão assim tão determinadas, sei que provoca vários problemas, entre os quais a paralisia dos membros inferiores, como foi o caso. As estatísticas alimentam alguma esperança na recuperação, embora possa levar ainda algum tempo.

Este é daqueles momentos em que subitamente percebemos a fragilidade da existência e a importância de quem nos pertence, pois subitamente tudo ocorre, sem manifestação de vontade ou pedido expresso, apenas porque sendo humanos estamos expostos a tudo. É nessa condição que, igualmente, deveremos usar todas as nossas energias para enfrentar o desconhecido, acreditando que existe remédio para quase tudo na vida e que sem essa coragem somos apenas matéria.

Concluo retomando aqui o agradecimento feito em momento anterior, aos profissionais do HUC, pelo profissionalismo e pelo trato, e a todas as pessoas que estiveram e estão presentes de uma forma ou de outra.

publicado por José às 10:29
Quarta-feira, 02 / 05 / 07

MinUrar

Li com preocupação o último relatório do projecto MinUrar - Minas de urânio e seus resíduos: efeitos na saúde da população, Relatório científico II, Fevereiro de 2007. Embora muitos dos efeitos na saúde das populações fossem já, de algum modo, do conhecimento público, é ser preocupante ver resultados tão claros, creio que nunca estamos preparados ou então talvez não se perceba (ou não se queira por vezes perceber) que algumas doenças se devem a causas ambientais pouco favoráveis.

Muitos dos leitores podem pensar que se trata de uma situação extrema. Em parte é verdade, embora existam exemplos extremos com maior visibilidade, poderia deixar aqui uma pequena lista, o que seria fácil, mas não é esse o objectivo. Pretendo apenas demonstrar que nem tudo o que acontece de forma extrema, tal como é o caso de alguns acidentes nucleares, industriais , entre muitos outros, tem efeitos na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas. Creio, aliás, que os maiores perigos estão nessas causas silenciosas (a poluição do ar é um exemplo).

 

A imagem não é recente, muito menos tem a qualidade que gostaria, todavia os seus elementos são os mesmos - as pessoas praticamente vivem em cima da antiga mina. Será que nunca ninguém se preocupou em explicar os perigos que correm? Será que nunca foi aplicado pela autarquia o principio da precaução? Agora parece tarde, no entanto, cabe à autarquia definir uma área interdita à construção, uma vez que com a requalificação das escombreiras é provável que a especulação ganhe adeptos.

Não me quero alargar, mesmo assim, não deixo de manifestar alguma preocupação relativamente a uma faixa da população não incluída no estudo mencionado. Talvez já tenha dito isto dezenas de vezes, mas repito. Quando era miúdo lembro que se usava água para rega vinda do ribeiro com origem (pelo menos passagem) na Urgeiriça . Como compensação os proprietários recebiam algum dinheiro, o qual na altura era recebido quase em festa, pois era das poucas fontes de rendimento monetárias recebidas. O que não fica claro, passados estes anos todos, é qual o efeito dessa água na saúde das pessoas, pois, ao que parece, era a água resultante da limpeza do minério.

publicado por José às 17:49
Blog do Folhadal e de todo o concelho de Nelas

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