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Segunda-feira, 27 / 02 / 06

Fale mais! Comunique muito menos… (in Planalto, Fevereiro de 2006)

Fale mais, muito mais, com muito mais gente, gente que não imaginaria nunca falar. Fale para muitos lugares, nem imagina quantos. Nem quem terá o prazer de o ouvir. Fale tanto, tanto, que corre o risco de não se conseguir ouvir. Fale muito, fale mais. Fale tanto, mas não comunique. Não comunique qualquer mensagem, não chegue a quem pretendia chegar, aliás, vá a tanto lado, fale com tanta gente, mas não diga nada. Fique sem fôlego, sem coragem para continuar aos gritos ou a ouvir a conversa dos outros. Mas, apesar de tudo isto, fale mais, dizem eles. Não sei se sabem porque o dizem ou o que dizem, pois na verdade não falamos, falando, e ninguém nos ouve, ouvindo.

Saiba que a Gertrudes foi para o hospital e que está bem, mas que o Felisberto, coitado, não se sabe se voltará. Saiba que a menina Amália deu à luz um lindo menino ou que vai ser convidado para um casamento, sem conhecer os noivos. Saiba tudo isto e muito mais. Fica é por saber quem são esses personagens. Fica por saber como está a sua família e como se portam os seus amigos. Saiba tanto e fique sem nada saber. Pois escuta conversas que não deseja sequer pensar ouvir. Fale com pessoas com as quais não desejaria falar, muito embora mereçam todo o seu respeito. Fale do lado de cá para o lado de lá e fique sem saber onde está. Fale, fale! Com todos. Consigo mesmo. Com ninguém. Uma coisa é certa, paga o mesmo no final do mês, aliás, paga é mais, pois assim a falar tanto ninguém o cala. Fala tanto que se sente um rouxinol encantado ou a tentar encantar a sua musa.

Cruze as pernas. Não descruze as linhas. Mas porque não descruza os braços? Têm amarras? Ou você tem uma carteira recheada? Mas não se incomode, se não descruzar os braços e não se mexer ninguém o defende. O seu dinheiro é ouro sem esforço, se não zelar por si mais valor tem para os outros. Você assim vai ser eleito o cliente do ano, dá lucro a cada minuto, sem despesa e se refilar. Ah! É isso que você quer?! Entendo!

Estou longe mas ouço-o sussurrar, diz à esposa que a factura do seu telefone este mês tem uma prenda. Ela ainda lhe diz: “Mas que conversa tivemos de jeito para pagar tanto?”. Os seus filhos logo se descartam: “Não fui eu! Não apontem para mim. Tenho um telemóvel de Terceira Geração que funciona na boa, mesmo cá na aldeia”. A sua esposa ainda o fita com olhar reprovador, mas logo desiste, confia em si, sabe que não foi você. No dia seguinte começa a indagar os vizinhos. Descobre que todos falam, falam, sem comunicarem. Você assim fica satisfeito e resolve o seu problema, basta-lhe desabafar: “É uma coisa lá deles!”. Ainda se pergunta: “Que haveremos de fazer?”. Faz bem desabafar e indagar, mas lembre-se que não está a alimentar um porco, não vai ter direito a presunto, por isso não tem de participar na sua alimentação.

Se não quiser pagar não fale, refile, proteste, defenda os seus direitos. Só assim comunica, só assim se faz ouvir e, talvez, só assim alguém descodifique a sua mensagem. Assim será feliz, pelo menos será cidadão pró-activo, mesmo que outros fiquem menos felizes, mas é a si que cabe mover-se em prol do bem comum. Não espere milagres. Públicos, privados, mistos, revistos, alterados, nenhum deles o defende, mostre a todos que sabe comunicar e tem presença. Seja altivo, perspicaz, por vzes insolente, mas respeitoso, seja cidadão, pessoa, cliente, não deixe é de ser quem é. Não vá com os outros. Reúna os outros. Juntos comunicam verdadeiramente mais e têm muito mais força e mais grandeza. Juntos não são um código, são uma multidão exigente, a reivindicar pelos seus direitos, a lutar pelos seus princípios. Não deixe é de acreditar, teimar com os outros se for necessário, mas comunique se achar que está certo. Faça agora valer a sua voz. Fale agora. Fale, fale, fale muito. Fale muito, se quiser não ter de pagar. Gesticule, brilhe, não faça cerimónias. Em casa, na rua, na Associação, no largo, onde quiser. Faça sentir aos outros que eles não têm razão e que você mora no interior mas tem direitos, que você é cliente mas paga para ter acesso a um serviço. Exija os seus direitos, exija qualidade, exija eficiência na prestação do serviço, garanta a qualidade desse serviço.

Por mim escrevo estas palavras em jeito telegráfico para relatar a sua causa, que é a nossa. Faço-o de modo directo, após ter usado o telefone fixo com uma ligação pretendida para a nossa terra, mas que acabou por ser apenas mais um debate num local público não identificado, tal é o estado das comunicações telefónicas. Sem querer cruzamos alegrias com desgraças, namoros com separações, calor com frio. Uma coisa é certa, ninguém se sente só. “Afinal existe uma comunidade global”, ainda se pensa.

Se o problema fosse apenas de agora ainda poderíamos inventar uma qualquer desculpa, todavia, o que espanta é a nossa falta de intervenção. Algo tão repetitivo deveria merecer intervenção por parte da população, em defesa dos seus direitos. Não sei de quem é a culpa, mas “ceder” a plataforma de comunicações fixas à principal operadora não permite concorrência, pior ainda, condena alguma da regulação que o sector deveria ter. E quem paga tudo isto? Somos todos nós. Sobretudo, quando tudo aponta para um virar de costas em relação ao interior do país.

Penso que nos resta pedir às entidades com competências ou com força institucional para o fazerem por nós e ao nosso lado; para que assumam o seu papel, mesmo que este não esteja tradicionalmente designado. Mas podemos, e deveremos, recorrer, principalmente unidos, às diversas instituições que no país, ainda, defendem os consumidores. Ou mesmo à entidade reguladora, é esse o seu papel, para que não se limite a zelar pela atribuição de licenças, para que defenda, também, o consumidor, uns e outros deveriam estar ao nosso serviço, não ao contrário.

Termino aqui este meu texto, escrito numa toada diferente, pois só a brincar poderemos perceber o que se passa. Não cito nomes de empresas, pela alusão parecer clara. Refiro nomes, apenas por serem ícones, não por representarem pessoas que se conheçam, podem representar outras que também sofrem com a mesma situação e é esse o objectivo: dar conta de um problema que não se fica pela Folhadal ou por Nelas, afecta uma região, uma parcela do país, quem sabe mais. Peço desculpa por eventuais erros ou por eventuais faltas de sentido em algumas das afirmações, o tempo que me resta de momento é limitado, por esse facto escrevo estas palavras confiando que estão bem, sem qualquer revisão. Desde que atinjam o objectivo pretendido são importantes palavras – e o objectivo é alertar todos para o que se passa.

José Gomes Ferreira
publicado por José às 18:16
Sexta-feira, 17 / 02 / 06

A falta de prevenção da gripe das aves

Numa altura em que surge pela primeira vez publicado um estudo nacional sobre o grau de preocupação e os conhecimentos dos portugueses sobre a gripe das aves importa fazer uma breve reflexão que seja. Como se pode ver através da análise preliminar aos dados, recolhidos em dois momentos - Abril e Novembro - se por um lado, aumentou a preocupação dos portugueses face à gripe das aves; por outro lado, o maior conhecimento que têm do problema é conseguido por via da televisão:

«A televisão foi a mais importante origem de conhecimento, tendo sido referida por 95,7% dos participantes em Abril e por 98,5% em Novembro. Contudo, os profissionais de saúde foram referidos por apenas 4,1% e 8,2%, respectivamente nos dois tempos do estudo».

Entre outras pistas, estes dados apontam para uma necessária intervenção das autoridades sanitárias, sobretudo quando o problema estás prestes a chegar ao nosso país. Não entendo que caminho pretendem seguir, até hoje a única preocupação que tenho visto demostrada aponta apenas no sentido do país estar preparado para a chegada do problema, mas será que armazenar vacinas basta? Basta pensar na nossa terra, quantas são as pessoas que têm as suas galinhas? E as que lidam com aves migratórias? Estas pessoas deveriam ser devidamente informadas dos perigos e saber como acautelar situações de contágio. Estas e todos os portugueses.
publicado por José às 09:44
Sexta-feira, 10 / 02 / 06

O dia seguinte

Um dia depois (aliás, no instante seguinte) fica a ideia da inutilidade da visita presidencial, sobretudo porque de visita ao nosso concelho parece não ter tido nada. Uma visita destas a acontecer deveria ir de encontro ao que tipifica o nosso concelho, a verdade é que nem a ida à Quinta Agrícola se concretizou, quanto mais a Canas. Com tanto para visitar ficou-se por uma unidade industrial, se assim era não era preciso tanto segredo. Não me vou alongar em exemplos de locais que poderia visitar, mas além dos acima citados faria sentido visitar: as Minas da Urgeiriça, com ou sem passagem pelo Hotel; eventualmente alguma das novas vinhas do nosso Dão, em Santar ou outro local; ficaria passar pelas Termas das Caldas da Felgueira; o Centro de Saúde (o candidato Soares garantiu em Viana a manutenção do estaleiro, por isso o futuro ex-presidente podeira garantir a manutenção do SAP); e pela Câmara. Isto para não ser uma lista exaustiva. Ah! Poderia também visitar a lixeira de Vale de Madeiros, encerrada, ams aberta a tudo.

P.S. Naturalmente que o texto anterior foi uma reacção ao que li nesse momento na imprensa on-line, desconhecia os contornos da visita.
publicado por José às 09:10
Quinta-feira, 09 / 02 / 06

Ainda bem que tudo parece ter acabado em bem

Embora ache fazer pouco sentido esta visita a Nelas e aos restantes concelhos, sobretudo porque o objectivo é ficar o registo de todos os concelhos do país terem sido visitados por um Presidente da República (que iniciativa mais sem sentido, sobretudo com o país em crise), apesar dessas reticências e comentários, ainda bem que tudo parece ter acabado em bem. Agora é preciso olhar para a frente. O futuro, como o próprio Sr. Presidente afirmou, tem reservado a união de freguesias e, porventura, de concelhos, facto que impossibilitará a constituição do concelho de Canas de Senhorim. Ora, tudo isto vai para além da intervenção do ainda Presidente, será a tendência geral, o que se entende, pena é que não se caminhe no sentido da regionalização.
publicado por José às 13:54
Terça-feira, 07 / 02 / 06

Ainda a visita do Sr. Presidente

É óbvio que a visita do Sr. Presidente aos concelhos em falta equivale à expressão "dar nozes a quem não tem dentes", isto porque por mais que consiga colocar um ou outro concelho na agenda mediática já não tem a força necessária para influenciar a sua colocação na agenda política, por esse facto a visita aos 11 concelhos não passa de uma visita de "cortesia", com custos superiores aos proveitos.
Relativamente à visita ao nosso concelho, a minha posição foi a que ontem defendi: nesta fase de serenar os ânimos, vem apenas alimentar conflitos. Na altura até entendi as razões do seu veto, até porque o problema estava também nas excessivas promessas eleitorais dos partidos, como sempre, todavia agora penso que deveria assumir outra postura, até porque se assume como o "garante da democracia".
Estes dias têm revelado que nós fazemos a manchete da agenda mediática, para prejuízo dos outros concelhos visitados, o que comprova a ideia da inutilidade desta visita apressada, apenas para ficar registado para as gerações vindouras que um Presidente da República, em esforço, conseguiu visitar os 308 concelhos (aguardamos as memórias).
publicado por José às 09:19
Segunda-feira, 06 / 02 / 06

A visita do Sr. Presidente

Como é do conhecimento público o ainda Presidente da República Portuguesa visita o nosso concelho na próxima quinta-feira, querendo com esse gesto visitar um dos concelhos que nunca visitou. Com todo o respeito Sr. Presidente, mas penso não ser o momento oportuno para o fazer, a única coisa irá fazer é extremar posições. Penso que vivemos um momento de alguma paz, não precisamos de retomar conflitos que nos têm dividido, além do mais não é agora no final da sua Presidência que faz sentido uma visita.
Com todo respeito pelo Sr. Presidente, até por que se trata da mais alta figura do Estado, não entendo porque motivo relativamente aos cartoons de Maomé afirma que é necessário respeito pela "sensibilidade e liberdade dos outros" e depois acaba por nos visitar e esquecer tudo isso.
publicado por José às 09:09
Blog do Folhadal e de todo o concelho de Nelas

Fevereiro 2006

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