Numa altura em que a autarquia (não sei se a câmara ou se a junta de freguesia) procede ao arranjo paisagístico do Largo do Colóquio, ao que tudo indica motivado pela necessidade de preservação da sepultura antropomórfica lá existente, publico neste pequeno artigo a fotografia que identifica a sepultura antropomórfica existente no lugar do Vale/Póvoa da Roçada. Como o património do concelho é indivisível prefiro ignorar o facto de se localizar no Folhadal ou na Póvoa da Roçada, pois o importante é ser identificada, para que quem vier a seguir conheça as nossas riquezas e possa afirmar que os seus antepassados as preservaram devidamente. Esta é talvez a sepultura mais tosca, com aspecto talvez de inacabada, seja com for merece melhor sorte do que a actual. Fica situada no final do caminho que vai do Cemitério em direcção às primeiras casas da Póvoa da Roçada, fica aliás do lado esquerdo antes da primeira habitação, num estado que mais parece o que resta de uma pedreira. Merecia melhor sorte.
Uma breve alusão à intenção de requalificação do Largo do Colóquio. No momento em que escrevo estas palavras ignoro ainda o que vai resultar delas, seja como for merece duas observações. A primeira delas quase nos obriga a erguer os braços em direcção aos céus, tamanho é o milagre da concretização de uma ideia em que eu próprio me tenho empenhado nestes últimos anos, colocando um final feliz ao uso daquele pedaço de solo sagrado como parque de estacionamento, depósito de materiais ou uma pequena lixeira, pelo estado de total abandono. E não foi pelo facto dos responsáveis não saberem do que se passava, que mais não fosse poderiam ter lido com maior atenção as páginas deste nosso Planalto.

Sepultura do Vale.jpg

A segunda das observações pode para muitos leitores parecer meramente estética, porventura outros podem pensar que nunca estou satisfeito. Em qualquer dos casos refiro-me às opções, aos gostos, de quem decidiu fazer a requalificação do Largo. Se é certo que as obras ainda não foram concluídas, também é certo que vão no sentido da total artificialização daquele espaço. Em vez da simplicidade venceu a opção pelo aberrante, pela colocação de cimento em tudo quanto é espaço livre. Pessoalmente acredito que ficaria melhor um passeio simples e o ajardinamento do restante espaço, mesmo que fosse com relva, com um passadiço para a sepultura. Nem sempre as melhores soluções são as mais dispendiosas. Porventura a opinião do povo teria alguma importância.
De acordo com o título deste artigo esta é a conclusão da identificação das sepulturas antropomórficas existentes na nossa terra. Não se trata, com rigor, da conclusão, pois tudo indica que existe pelo menos mais um conjunto destas sepulturas lá para os lados do Carvalhinho / Campa, no pinhal do lado esquerdo do caminho que depois se cruza com o caminho do Vale do Gato. Mais uma vez apelo a quem souber onde se encontra para entrar em contacto comigo. Melhor ainda caso alguém consiga identificar qualquer outro conjunto desconhecido da maioria. Naturalmente que eu não vou salvar as sepulturas, apenas fazer o que estiver ao meu alcance para as divulgar às gerações presentes, transmitindo esses testemunhos da nossa história às gerações futuras.

Buraca da Moira.jpg

Aproveito este pequeno artigo para exibir uma fotografia da tão falada e pouco conhecida Buraca da Moira (também designada Buraco da Moira). Da sua lenda todos se lembram mas já ninguém parece capaz de a reproduzir, uma tarefa que cabe a todos nós recuperar, para que se possa perpetuar para lá das nossas existências. E se possível transposta para a palavra escrita. Uma tarefa que as escolas podem ajudar a concretizar, basta que incitem os seus alunos a efectuarem um levantamento junto dos seus familiares e amigos, e aqui entramos todos nós. Mas também uma tarefa em que a autarquia, através dos seus técnicos, tem uma palavra a dizer, em particular o seu arqueólogo. Não termino sem deixar aos leitores Votos de Bom Natal junto dos seus.


José Gomes Ferreira
publicado por José às 09:45