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Sábado, 23 / 10 / 10

O nosso maior defeito é tentar esconder os problemas

Não vem este comentário a propósito da crise mas encaixa "que nem uma luva" em tal contexto. Quando pensei em deixar uma breve nota queria reforçar uma ideia que tenho procurado deixar clara no Facebook, o problema é que nesse espaço tudo é fugaz (a propósito nos últimos dias aquilo não tem andado bem. A ideia a que me refiro prende-se com esta tendência em "deusificar" o que temos de melhor e, contrariamente, tentar ocultar-se os aspectos mais controversos, questão que, aliás, assumi notória pertinência com o tema da água no concelho. Ao usar o termo "deusificação" refiro-me a uma certa obsessão por adorar tudo o que temos de patrimonial que não origine controvérsia pública, ou seja, exaltamos o bom e o belo, o tantas vezes esquecido, mas que se pode reivindicar como elemento identitário. Enquanto, como digo acima, tudo o que possa suscitar polémica varremos "para debaixo do tapete".

Já se cometeram erros, não vejo motivo para se ocultarem aspectos menos positivos, quando na verdade podem servir de exemplos tanto para a sensibilização das pessoas como dos poderes públicos. Encaro a vida em sociedade, à semelhança do trajecto pessoal, como um processo de aprendizagem, assim sendo, o que hoje é válido ou o chamado paradigma dominante, pode no passado não ter sido assim, mas isso faz parte do processo civilizacional. É como em ciência, recorre-se ao termo "à luz do conhecimento científico actual". Não aceito é que lancem tabus sobre um ou outro aspecto menos positivo, não sei se com menos, favorecer ou combater alguma conivência ou por mera vontade e se falar apenas do lado bom da vida.

Convém salientar, e neste caso a crise volta a ser um bom argumento, pode ser uma forma de estar na vida, pois exaltando as coisas boas esquecemos as agruras da vida. Certamente também tenho momentos é que só me apetece pensar em coisas boas, mas a vida tem várias dimensões, por conseguinte, deveremos reforçar uma perspectiva que aponte para o futuro e procure na divergência exaltar não o conflito mas sim a pluralidade de opiniões. Acredito que um país maduro é aquele que leva a debate todas as questões, mesmo as mais polémicas, sem receios, só assim avança, não se limita a ficar agarrado às sombras do passado.

publicado por José às 21:22
Segunda-feira, 11 / 10 / 10

Água das fontes própria para consumo

Repito a imagem da Fonte do Outeiro para informar que, segundo as últimas análises, a água desta fonte e da fonte junto à Igreja e da Rua da Vala se encontram próprias para consumo. Vale-nos pelo menos esse descanso, faço votos e creio que todos nós, para que a água da rede pública volte em breve a registar valores dentro dos parâmetros considerados normais.

publicado por José às 17:13
Domingo, 03 / 10 / 10

"Dia Nacional da Água: efemérides para quê?" - INACREDITÁVEL

INACREDITÁVEL é a única palavra que me sobra, com duplo significado: o problema ser ignorado; o facto deste ter sido um artigo preparado para ser a minha 5ª contribuição mensal para TV Nelas online, como foi enviado na quinta-feira passada e não foi publicado, aliás sem uma única palavra a explicar as razões, reservo-me o direito de fazer dele o que entender, até porque sempre foi uma contribuição voluntária, que assim termina.

 

Dia Nacional da Água: efemérides para quê?


Como cidadãos discordamos muitas vezes quanto às matérias que devem, ou não, estar no topo das prioridades públicas. Chegamos a relativizar algumas decisões (políticas), ou a aprovar umas com aplauso ou condenar outras com veemência. Sendo certo que debatemos mais as questões que nos são apresentadas pelos meios de comunicação social, pois são quem demonstra ter mais aptidão para estabelecer uma agenda pública de prioridades, e igualmente de influenciar o debate político e as decisões que venham a ser tomadas. Obviamente, trata-se de um processo em que algumas matérias são susceptíveis de causar alarme público, dependendo da forma e do conteúdo divulgado, assim como do momento correcto para as divulgar. Entretanto, outras matérias são remetidas ao silêncio, ao que alguns autores traduzem como o “não dito”, que pode ser sintomático não da ausência de notícias, mas dos medos, das relações entre os agentes, ou no limite, tal como sugerem as diversas abordagens, da censura, explícita ou implícita. E assim aí, com maior agravo, num momento em que está bem clara a degradação do exercício da política, em diferentes escalas de intervenção e âmbito geográfico, e num cenário de agonia económica, onde o dever, a responsabilidade e a oportunidade parecem sucumbir perante o facto dos intervenientes estarem ou não num momento oportuno para intervir.
Durante décadas tem sido disso exemplo, em matéria ambiental, a questão dos esgotos. Para esta crónica, ao comemorar-se o Dia Nacional da Água, justamente a 1 de Outubro, escolhi a temática da água. Uma escolha que se fica a dever a dois motivos, ambos com repercussão no nosso concelho. O primeiro motivo surge na sequência do debate lançado no Verão passado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), ao colocar para consulta pública das entidades gestoras uma proposta de normalização de preços da água em todo o território nacional. Com essa proposta, grosso modo, pretende-se eliminar as diferenças de preço a pagar pela água consumida de concelho para concelho, com o consumidor a pagar o valor real pela água. Apesar de eventuais resistências, este parece, de facto, ser o momento ideal para avançar nesse sentido, pois se a crise obriga os municípios a livrarem-se de tudo quanto representar prejuízo, a distância do processo eleitoral pode libertar o processo de potenciais condicionalismos. Não faz qualquer sentido justificar a comparticipação paga actualmente por alguns municípios como sendo apoio a comunidades mais desfavorecidas, porquanto favorece é o emagrecimento dos orçamentos locais e, por conseguinte, impossibilita a realização de investimentos talvez prioritários noutras áreas. Mais ainda, o preço reduzido pode traduzir-se num desincentivo ao uso racional da água, prova disso é a sua utilização na rega de jardins e quintais, tantas vezes com soluções locais a poucos metros de distância e sem qualquer custo.
O segundo motivo advém do facto do preço da água não ser tudo. Na nossa qualidade de cidadãos-consumidores deveremos levantar um conjunto de outras questões, entre as quais, se estaremos a consumir água que respeita os parâmetros de qualidade legalmente estabelecidos? E se estaremos dispostos a pagar para consumir água que não observe os parâmetros de qualidade? Tudo isto, naturalmente, partindo do princípio que são feitas as análises requeridas e divulgados os resultados, bem como desencadeados os mecanismos de protecção da saúde pública quando se observem razões que levem a suspeitar da perda de qualidade, matéria que pressupõe divulgação de informação à população, fidedigna e a tempo e horas.
São estas e outras questões que todos nós, assim acredito, gostaríamos de ver observadas quanto à água consumida no concelho de Nelas, quando tudo indica que o panorama não será nada animador em diversas localidades. Pelo menos a julgar pelos resultados das análises feitas em Agosto aos serviços públicos de abastecimento de água – no caso que nos interessa, de 16-08-2010 a 20-08-2010 em Santar e Casal Sancho, e de 09-08-2010 a 13-08-2010 em Nelas e Canas de Senhorim – e afixados no Centro de Saúde de Nelas. O que se sabe é que, do ponto de vista bacteriológico, a água nestas localidades apresentava-se como “Imprópria”. Ora, pelo risco que representa, esta questão deveria estar no topo das prioridades de todos nós, tanto governantes, como oposição, como governados, como comunicação social. Mas parece não estar, sendo praticamente remetida ao “não dito”. Sei que a crise não nos engrandece quanto desejaríamos, mas ignorar este problema é ignorar a importância da vida, pelo menos sempre ouvi dizer que “água é vida”, mas água de qualidade.

publicado por José às 21:26
Blog do Folhadal e de todo o concelho de Nelas

Outubro 2010

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