Tive oportunidade recentemente de assistir ao que deverá ter sido o último filme de Robert Altman - Bastidores da Radio (A Prairie Home Companion ), sobretudo nas salas de cinema nacionais, cujo enredo se situa no velho teatro que albergava uma rádio dos velhos tempos, no presente mas longe da máquina avassaladora de um dito progresso, sendo que essa máquina surgiu entretanto e acabou com a memória de uma rádio feita em directo.

Vem isto a propósito do panorama das nossas rádios, falo aqui, obviamente, das rádios da região, praticamente todas elas corrompidas pela ideia de uma rádio mecânica, onde pouco importa o que a audiência pensa ou gosta, interessa apenas definir targets e atingir esses targets com pacotes de programas sem interesse. Declaro-me ouvinte de umas dessas rádios, mas também o faço apenas quando estou na nossa terra, deixei de o fazer através da Internet, até porque uma vez deixei algumas sugestões e parece que fui corrido à pedrada, apenas porque o que está definido é para cumprir. Pior que isso é o conceito "Odeio-te rádio", um package de rádio muito bem feito mas horripilante, tipo "Vás para onde vás, ouças que rádio ouvires, terás de levar com este conceito".

Num outro extremo existe regionalmente uma rádio para um outro target , mais saudosista e a tocar o coração. Admito que não é a rádio que ouço, pois não me identifico com a mensagem que passam nem com os gostos musicais, todavia não podemos menosprezar o seu importante papel na divulgação da música popular em toda a região.

Por mim gostaria de ter um meio termo, sobretudo onde fosse possível ter uma voz da rádio em directo e que fosse também responsável por programa, pois isto de animadores não prestigia os profissionais nem a rádio. Já agora gostaria de ver cumprida a lei da rádio, no que toca à atribuição de rádio frequências e relativamente à música portuguesa, apenas lembrada quando alguém a coloca seja porque motivo na agenda política, mas depois logo esquecida.

publicado por José às 16:45