Podem acusar-me de ser saudosista, seja como for acredito que o Planalto ainda tem o seu espaço próprio, longe de meras lógicas comerciais, o Planalto sempre teve um contributo social importante e se falhou nos últimos anos foi, em parte, porque se dirigiu quase por exclusivo a um público-alvo próximo do papel social da Igreja, facto que, na minha opinião, o afastou da torrente quotidiana de vivências e problemas a que deveria ter dirigido o seu foco, o jornal teria que se abrir à sociedade civil e, ao contrário do que ocorreu, fechar-se na comunidade de crentes. Claro que a ausência de colaboradores e a impossibilidade dos seus dirigentes darem conta de tantos recados foram factores igualmente marcantes, entre muitos outros. Não creio é que o seu papel se tenha esgotado, até porque tinha uma estrutura a funcionar que resultava, apenas não resultava do lado dos conteúdos.
É sempre de saudar a existência de novas vozes, contudo é de estranhar o facto de nunca se terem pronunciado, mesmo assim são de saudar, naturalmente que têm de dar provas, coisa que o Planalto tinha feito, mas são as leis do mercado. Embora ainda não tenha lido, apenas verifiquei o que existe na internet, como leitor aguardo esta nova proposta ou outras que possam vir a surgir.
Serve este texto de comentário ao comentário deixado neste blog e de alongar da reflexão. Veremos se de facto Nelas é um concelho democratizado (leia-se, a viver a sua liberdade), manifesto algum cepticismo, embora desejáveis, estou convencido de que as maiorias e a democracia não se dão bem, sobretudo porque nos falta o que muito se tem falado - democracia participativa. Seja com o Zé Correia ou com a Dr.ª Isaura sempre fui adepto da partilha de decisões. Confio, por norma, nas pessoas; mas desconfio, de forma sistemática, nos aparelhos dos partidos. Digo isto sem qualquer pudor, pois não sou simpatizante de qualquer partido. A liberdade só existe com uma clara abertura dos poderes públicos às populações que servem, o que se passa na prática é que os poderes públicos apenas usam as populações para legitimarem o seu poder pelo voto, deixando no dia seguinte de escutar quem merecia ter palavra. Naturalmente que a questão não se resumo a isto, até porque existem falta de mecanismos de participação, o cidadão só pode intervir se tiver espaço e mecanismos para o fazer, o que acontece em muitas situações é que quem se manifesta contra é olhado de soslaio ou pior ainda.
A terminar esta curta reflexão convém deixar claro que não tenho qualquer interessa em ser contra ou a favor do surgimento d enovas propostas editoriais, por princípio é bom que surjam. A minha vida não passa de momento pelo Folhadal ou por Nelas, embora tenha manifestado o "meu interesse" em colaborar na renovação do Planalto, ainda assim nunca o fiz inserindo essa proposta em algo pessoal, manifestei-me pela sobrevivência do jornal e afirmei que estaria disposto a fazer o que estivesse ao meu alcance, embora com enormes limitações de disponibilidade.